De: Beto Mendes
Frutal: Minas Gerais
"Derrotar o inimigo em cem batalhas não é a excelência suprema; a excelência suprema consiste em vencer o inimigo sem ser preciso lutar." Sun Tzu
Sempre que nos deparamos com um problema, automaticamente nosso cérebro entra no modo "Batalha".
E neste modo, sempre temos duas escolhas: Fugir ou Lutar.
E na vida de um ortodontista, sempre que nos deparamos com uma maloclusão, estamos nos colocando diante de uma "batalha".
Se você ainda é um iniciante da ortodontia, é natural que diante de um maloclusão difícil, sua atitude possa ser "fugir".
Isso significa que em alguns casos, talvez você prefira indicar para um profissional mais experiente ou simplesmente recusar pegar aquele caso.
E isso não está errado. Você simplesmente se deparou com um adversário que sabe que não poderá vencer.
Já alguns colegas mais experientes, topam qualquer "batalha".
Mas dependendo de como enfrentarão este desafio é onde reside o erro.
Agora eu quero que preste muita atenção nas perguntas que vou te fazer.
As respostas que você dará para estas perguntas poderão, além de revelar que tipo de profissional você está tendencioso(a) a se tornar, também poderá girar a chave e ligar o que está faltando em sua conduta para realmente alcançar os melhores resultados em seus tratamentos ortodônticos.
Existem dois tipos de profissional:
Aquele que inicia o tratamento de seus pacientes colando os bráquetes, os fios para alinhar e nivelar e daí para frente vai olhando o que está acontecendo e ajustando a rota no decorrer do tratamento.
Este eu vou chamar de profissional do "TIPO I".
E tem aquele que antes de colar o aparelho, estuda, com muita atenção e detalhe, como é a maloclusão que terá que tratar.
E este vou chamar de profissional do "TIPO II".
O profissional do "TIPO I", na maioria das vezes está muito mais preocupado em receber a manutenção de seus pacientes que realmente resolver o problema deles.
O que é muito comum acontecer, é que com o passar do tempo, a oclusão não fica nem funcional e em alguns casos não fica nem estética.
E pelo fato do tratamento estar se extendendo por muito tempo, o profissional começa a receber reclamações e questionamentos queixosos do paciente.
É nessa hora que o profissional começa a sentir um enorme desconforto toda vez que vê na agenda o nome daquele paciente específico.
Afinal, o paciente já está de aparelho há muito tempo e como o profissional ainda não conseguiu resolver o problema dele, o mesmo já está super impaciente e começa a questionar a qualidade do seu serviço.
Isso é péssimo profissionalmente falando.
O profissional para de receber indicações, começa a ficar, cada dia mais com uma agenda cheia de "pacientes problema", uma fama de "dentista enrolado" surge na boca dos pacientes e isso tem uma tendência de piorar com o tempo.
O reflexo mais comum desse tipo de atitude é a queda do número de pacientes no decorrer de alguns anos de profissão.
Também é muito comum esse tipo de profissional responsabilizar os "concorrentes desleais", o "preço prostituído que o mercado vem praticando", as "clínicas populares", a "crise econômica e política do país" e mais um monte de "responsáveis" por seus dias de glória terem desaparecido.
Preste atenção no que vou afirmar aqui:
Isso tem uma relação direta com a forma que você INICIA os seus tratamentos!
Em outras palavras, como você faz o DIAGNÓSTICO, PLANEJAMENTO E PLANO DE TRATAMENTO de seus pacientes.
Já o "TIPO II", ou profissional que se preocupa em "conhecer o seu inimigo" detalhadamente, pode chegar no clímax de seus anos de glória profissional, em um ano de "crise econômica e política do país".
Isso se dá porque a experiência aliada a um belo PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO validado, traz resultados cada vez mais consistentes e previsíveis para este profissional.
E bons resultados consistentes, é sinônimo de boas indicações consistentes também.
Independente de abrir uma clínica popular na frente de seu consultório, do político ser preso ou solto, da crise chegar na sua cidade e mais uma monte de desculpas que se ouve por aí.
Dito isso, responda sinceramente, e relaxa, só responde para você mesmo(a), seja verdadeiramente honesto(a) com você:
Você realmente estuda o seu "adversário", detalhadamente, quando vai iniciar este "tipo" de "batalha"?
Ou ainda... você se preocupa em conhecer "o que" ou "quem" vai ter que enfrentar nessa luta?
Em português claro:
Você estuda com muitos detalhes, a maloclusão que o seu paciente tem, buscando conhecer este problema tão à fundo para realmente tirar vantagens desse conhecimento e tratar seu paciente com excelência, ou você busca sempre "simplificar" o diagnóstico, fazer só o que é "essencial", ou ainda, nem isso?
Se sua resposta foi algo do tipo: "não, não analiso profundamente a maloclusão que vou iniciar o tratamento", então é muito provável que se identificou com a realidade que descrevi aqui para o profissional do "TIPO I".
E não estou jogando "praga" em ninguém, mas se ainda não vive essa realidade, em algum momento no futuro ela irá aparecer.
Assim como um infarto aparece para quem não cuida de seu corpo com alimentação adequada e exercícios regulares.
Você simplesmente está plantando e em algum momento terá a colheita que cultivou.
Para essa lição não ficar com uma cara de "liçãozinha de moral", vamos a alguns exemplos práticos para você aprender conteúdos relevantes aqui.
Imagine que seu próximo paciente tenha uma MORDIDA PROFUNDA.
Quais são as perguntas que você tem que responder para decidir como vai trata-lo?
Eu chamo estas perguntas de PERGUNTAS DE CONSTRUÇÃO.
E essas são as exatas perguntas que fazem parte do método que uso, tanto para fazer os meus casos quanto para ensinar meus alunos da Mentoria Online em Diagnóstico e Planejamento Ortodôntico.
E essas perguntas são 4:
#1 O que VEJO?
#2 O que QUERO fazer?
#3 O que DEVO fazer?
#4 O que POSSO fazer?
A PRIMEIRA PERGUNTA que é: "O que eu VEJO?", simplesmente vou descrever o que estou vendo quando olho para o paciente.
No exemplo da Mordida Profunda (sempre lembre-se que o paciente tem 3 planos para analisar, neste caso estou olhando apenas o problema vertical para usar como exemplo), apenas descreveria:
#1 - Incisivos superiores recobrem 80 a 90% dos incisivos inferiores quando o paciente está em oclusão;
#2 - Na fala do paciente não consigo ver os incisivos superiores, porém vejo bastante os incisivos inferiores;
#3 - Quando o paciente sorri vejo apenas as bordas incisais dos incisivos superiores.
Perceba que apenas descrevi o que "realmente vejo", sem nenhuma preocupação, por enquanto, de realizar diagnóstico ou mesmo planejar algo.
Estou apenas descrevendo, com o máximo de detalhes que puder, o que estou vendo.
A SEGUNDA PERGUNTA que é: "O que QUERO fazer?", é um exercício de imaginação!
Eu gosto de olhar para esta pergunta como se fosse um momento em que tenho poderes mágicos.
E é assim que sugiro que você faça também!
Imagine que você possuísse poderes mágicos, o que você faria nesse problema?
Vamos ao exemplo para ficar mais didático:
No caso dessa Mordida Profunda, eu, em um "passe de mágica" faria:
#1 - Esses incisivos superiores que recobrem os inferiores em 80%, normalizarem essa relação e ficarem cobrindo a incisal dos inferiores de 1 a 2 mm apenas;
#2 - Quando o paciente estivesse falando, eu veria de 80 a 90% dos incisivos superiores e veria menos exposição dos incisivos inferiores;
#3 - E no sorriso do paciente teria 100% dos incisivos superiores aparecendo e mais 1 ou 2mm de gengiva superior também expostas no sorriso;
Perceba que peguei as respostas da primeira pergunta e fiz o "processo de mágica" em cada uma delas.
Agora vamos para a próxima pergunta...
A TERCEIRA PERGUNTA que é: "O que DEVO fazer?"
E para responder essa pergunta, olho para o problema e avalio se esse problema tem correção ortodonticamente.
Posso perguntar assim:
Como ortodontista, o que DEVO fazer para conseguir os resultados da pergunta "O que QUERO fazer"?
Ou ainda: Ortodonticamente eu consigo chegar nos resultados da pergunta "O que QUERO fazer"?
Aqui é o momento de usar todo o seu conhecimento em PROTOCOLOS DE TRATAMENTO.
Então o que irá fazer é colocar suas opções de protocolos que sabe aqui.
Vamos para o exemplo para ficar mais fácil de entender.
Para uma Mordida Profunda tenho os seguintes protocolos:
#1 - Extruir os molares para rodar a mandíbula no sentido anti-horário e corrigir essa mordida profunda;
#2 - Intruir os incisivos e/ou vestibulariza-los para corrigir essa mordida profunda.
Em casos de Mordida Profunda verdadeira, vou trabalhar na extrusão de molar.
Em casos de Mordida Profunda falsa, vou trabalhar na intrusão/ vestibularização dos incisivos.
Suponha que identifiquei que se trata de uma Mordida Profunda Falsa, então fica definido que vou trabalhar com intrusão/vestibularização dos incisivos.
E é isso que devo anotar então - Vou trabalhar na correção dessa Mordida Profunda da seguinte forma:
#1 - Ou vou intruir os incisivos ( superior e/ou inferior);
#2 - Ou vou vestibularizar os incisivos (superior e/ou inferior).
Mas agora vem uma parte MUITO IMPORTANTE, preste muita atenção!
Para corrigir a Mordida Profunda usando os Protocolos que sei, "DEVO" trabalhar na intrusão e vestibularização dos incisivos.
Mas você percebe que ao realizar isso, você entra em conflito com algumas das respostas que deu para a pergunta "O que QUERO?"
Pois se intruir os superiores, você esconderá mais ainda os incisivos superiores, tanto na fala como no sorriso do paciente.
Então esse CONFLITO entre o que QUERO e o que DEVO será solucionado na próxima pergunta: "O que POSSO fazer?"
E a QUARTA PERGUNTA é: "O que POSSO fazer?"
E para ganhar essa PERMISSÃO, sempre pergunte para a FACE do paciente se ela permite que você realize aquele procedimento.
Para me ajudar com essa resposta eu sempre me pergunto o que acontece com as estruturas vizinhas que dependem dessa parte que estou mexendo.
Você SEMPRE vai responder essa pergunta LENDO AS RESPOSTA QUE JÁ DEU PARA AS PERGUNTAS ANTERIORES.
Você TEM que colocar em conflito TODAS as respostas para achar o que realmente "PODERÁ" fazer!
Isso ajudará a definir essa última resposta.
No exemplo que estamos avaliando, como o paciente tem pouca exposição dos incisivos superiores, devo trabalhar intruindo apenas os incisivos inferiores do paciente.
Pois intruir e vestibularizar os incisivos superiores traria uma piora na face desse paciente que já apresenta pouca exposição dos incisivos superiores.
Com essa conclusão construída nesse PROCESSO, vou partir para o próximo passo, o PLANO DE TRATAMENTO.
MAS... isso será o assunto da próxima lição.
Espero que tenha ficado claro a importância de se estudar o "inimigo" que vai atacar, antes de começar as ações da guerra em si.
Com essa rotina em sua conduta ortodôntica, as chances de vitória são absurdamente favoráveis a você.
E esse é o objetivo dessa série - mostrar um caminho que pode ser melhor que o que está seguindo atualmente, ou reforçar e apoiar o caminho que já está fazendo.
Depende de qual "TIPO" de profissional você se enquadra.
Não esqueça de deixar seu comentário aqui abaixo.
E quero informar que muito em BREVE estarei abrindo as aplicações para a Nova Turma de Mentoria Online em Diagnóstico e Planejamento.
Nessa Turma, farei uma oferta muito especial.
Todas as Turmas da minha Mentoria Online são gratificadas com o que eu chamo de SUPER BÔNUS.
Este SUPER BÔNUS, geralmente tem um grande valor agregado além de valer mais de R$ 1.000,00.
Então, caso tenha interesse em saber qual será a sua grande oportunidade de ganhar um SUPER BÔNUS do Mordida Cruzada, aguarde a próxima lição com mais detalhes dessa oferta.
Grande abraço